Surpreendido pela Esperança, p.241-242.
Considerando
o modelo do NT de evangelismo (artigo anterior), como a igreja pode anunciar
que Deus é Deus e Jesus é o Senhor, que os poderes do mal, a corrupção e a
morte foram derrotados e que o novo mundo de Deus está começando?
Isso não
parece piada?
Bem, seria
se, de fato, não estivesse acontecendo. Se a igreja estiver trabalhando nas
questões mencionadas acima, se ela estiver seriamente empenhada na luta pela
justiça no mundo, tanto no aspecto global, como no local, e se estiver
celebrando alegremente a boa criação de Deus e o resgate da corrupção na arte e
na música, e se, além disso, sua vida interior der todos os sinais de que a
nova criação está verdadeiramente acontecendo, gerando um novo tipo de
comunidade – então, de repente, o anúncio passará a fazer sentido.
Assim, o que
acontece, dentro da teologia da nova criação, quando o evangelho cria raízes?
[...] Usamos várias palavras para descrever esse momento ou processo:
conversão, que significa dar meia volta e mudar de direção; regeneração, que
significa novo nascimento; “aceitar a Cristo”, que significa fazer parte da
família cristã e refletir o caráter de Cristo.
O Novo
Testamento fala da pessoa “morrendo com Cristo” e “ressuscitando com Ele” (Rm
6; Cl 2 e 3). Assim, em relação ao grande quadro da nova criação [...], essa
pessoa está respirando um pouco da “Nova Criação” – essa nova criação que
começou a acontecer na ressurreição de Jesus, e que se completará quando Deus,
finalmente, fizer os novos céus e a nova terra e nos ressuscitar para
partilharmos com ele desse novo mundo.
Paulo coloca
isso da seguinte maneira: “Se alguém está em Cristo, é nova criação!” (2Co
5.17).
A colocação
clara desse tipo de questão evita três problemas que ocorrem frequentemente no
evangelismo.
Primeiro, as
pessoas precisam entender que para se tornarem cristãs não precisam rejeitar o
mundo bom criado por Deus. O que elas precisam, na verdade, é rejeitar a
corrupção que tem seduzido o mundo e os indivíduos. [...] Pensar em termos de “nova
criação” evita o problema de supor, por um momento, que alguém pode esquecer a
terra e concentrar-se no céu.
Segundo, [...]
evita desde o início qualquer sugestão de que o que realmente importa é que o novo cristão tenha um
relacionamento pessoal com Deus ou com Jesus (alguns cânticos parecem sugerir
que Jesus pudesse assumir o lugar do namorado ou da namorada). Ver o
evangelismo ou qualquer conversão que resulte dele em termos da “nova criação”
significa que o novo convertido sabe desde o início que é parte do projeto do
reino de Deus. Esse projeto ultrapassa os limites da salvação pessoal para
abraçar, ou antes, ser abraçado pelos propósitos de Deus para o mundo inteiro.
Junto à “conversão” virá [...] o chamado para descobrirmos onde, dentro do
projeto total, podemos dar nossa contribuição.
Terceiro, [...]
o convertido nunca estará inclinado a pensar que o comportamento cristão (a
recusa de tudo que diminui a glória de Deus e o nosso crescimento como seres
humanos e a aceitação de tudo que ressalta essas coisas) seja algo opcional ou
apenas uma questão de esquivar-se de algumas regras e regulamentos bem
estranhos. [...] Seguir a Jesus significa exatamente isso, seguir a Jesus, e não marcar o quadrinho ao lado da palavra “Jesus”
e voltar para o seu lugar, como se tudo estivesse concluído. Falar do senhorio
de Jesus e da nova criação, que resulta de sua vitória no calvário e na Páscoa,
significa confessá-lo como Senhor, crer que Deus o ressuscitou dentre os mortos
e permitir que ele transforme sua vida inteira. [...]
Portanto, a
missão da igreja deve refletir e ser moldada pela esperança futura, conforme
apresentada no Novo Testamento.
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