Surpreendido pelas Escrituras, pg. 125
O pedido de Tiago e João para que se sentassem em cada um
dos lados de Jesus quando ele tomasse posse de seu poder real é uma questão
política que recebe uma resposta política: os governantes terrenos subjugam
seus súditos, mas não deve ser assim entre vocês. Pelo contrário, aqueles que
são grandes devem ser servos e aqueles que são líderes devem ser escravos de
todos, pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e
entregar sua vida em resgate de muitos (cf. Marcos 10.35-45).
Essa evocação de Isaías 53 de uma maneira totalmente fiel ao
contexto original fica no meio da análise
política do império, baseado na violência, subvertendo-o e mostrando como
as tradições de Israel, o povo por meio do qual Deus enfrentaria e resolveria o
problema do mal do mundo, convergem para uma figura que dissipa e vence tudo o
que a Babilônia, tudo o que Roma, pode fazer a ela.
Encontramos o mesmo ponto em Lucas 9.54, passagem em que,
mais uma vez, Tiago e João querem agir à maneira do mundo, pedindo para descer
fogo do céu sobe seus inimigos. A repreensão de Jesus a eles (9.55) está
diretamente relacionada com as palavras “Pai, perdoa-lhes”, que ele proferiu
ofegante na cruz.
Então, qual o resultado?
O chamado do evangelho é para que a igreja implemente a vitória de Deus no mundo.
A cruz não é apenas um exemplo a ser seguido; é uma
conquista a ser desenvolvida e praticada.
No entanto, não deixa de ser um exemplo, já que é o padrão,
o modelo do que Deus deseja fazer agora, por seu Espírito, no mundo, por meio
de seu povo.
É o início do processo de redenção, no qual o sofrimento e o
martírio são o meio paradoxal pelo que a vitória é conquistada.
O amor sofredor de Deus, vivenciado novamente pelo Espírito
na vida de seu povo, é a resposta divina aos males do mundo.
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