Trecho do texto de N. T. Wright:
Integridade e Integração:
Amando a Deus com Coração, Mente, Alma e Força
(Disponível em http://ntwrightpage.com/port/Integridade.pdf)
“Ame o Senhor, seu
Deus, com todo o coração...” (Marcos 12.30)
[...] Vez após vez, como vocês sabem, os profetas chamaram
Israel para esse amor central e vital, contrastando-o com os meros serviços de
boca ou aparência exterior.
Vez após vez, no Novo Testamento, os primeiros cristãos
ecoam a promessa de Jeremias 31, que Deus escreveria sua lei nos corações do
seu povo, e de Ezequiel 36, que Deus tiraria nosso coração de pedra e nos daria
um coração de carne.
Vez após vez, nós somos lembrados que o coração humano,
deixado com suas próprias características, é desesperadamente mau, cheio de
engano, corrupção, confusão e desintegração.
Vez após vez, é prometido a nós que o trabalho de Cristo e o dom do Espírito habilitará o coração para se tornar aquilo que ele deveria ser, para se tornar o verdadeiro centro humano de integração e vida integrada de adoração, amor e serviço.
Vez após vez, é prometido a nós que o trabalho de Cristo e o dom do Espírito habilitará o coração para se tornar aquilo que ele deveria ser, para se tornar o verdadeiro centro humano de integração e vida integrada de adoração, amor e serviço.
Há duas coisas, em particular, sobre as quais eu quero falar
sobre amar a Deus com o coração.
Primeiro, os avisos bíblicos mencionados há pouco deveriam
nos alertar para as paródias contemporâneas deste chamado. O movimento
romântico, por um lado, e o existencialismo, por outro, nos impelem a acreditar
que o que importa é simplesmente expressarmos o que verdadeiramente está dentro
de nós mesmos, que deveríamos entrar em contato com nossos sentimentos mais
profundos, que deveríamos simplesmente "ser verdadeiros conosco
mesmos".
Isso é uma pálida paródia da integridade que o evangelho
procura, oferece e sustenta. Não é, assim, uma vida de obediência cristã, mas o caminho
do gnosticismo, onde o que importa não é a graça de Deus curando e restaurando
o coração, mas a descoberta daquilo que verdadeiramente estava lá o tempo todo.
Esse é um tema popular em muitos romances e filmes, e é, muitas vezes, descrito como "redenção"; isso, porém, é um mal-entendido.
Na Bíblia e no ensino de Jesus, amar a Deus de todo o coração nunca é uma questão de simplesmente descobrir aquilo que está no coração e ser verdadeiro para com aquilo.
É uma questão do coração ser persuadido e vencido, desafiado, curado e transformado, pelo amor poderoso e pela graça de Deus que, com certeza, quer que descubramos todos os lugares secretos do coração, mas quer que isso seja feito para que sejam limpos e curados, para que o coração possa ser corrigido e liberto, para ser não aquilo que ele verdadeiramente já era, mas aquilo que Deus espera que ele se torne. [...]
Na Bíblia e no ensino de Jesus, amar a Deus de todo o coração nunca é uma questão de simplesmente descobrir aquilo que está no coração e ser verdadeiro para com aquilo.
É uma questão do coração ser persuadido e vencido, desafiado, curado e transformado, pelo amor poderoso e pela graça de Deus que, com certeza, quer que descubramos todos os lugares secretos do coração, mas quer que isso seja feito para que sejam limpos e curados, para que o coração possa ser corrigido e liberto, para ser não aquilo que ele verdadeiramente já era, mas aquilo que Deus espera que ele se torne. [...]
A segunda coisa que quero dizer sobre o coração é rejeitar e
refutar a sugestão que é feita de tempos em tempos de que aqueles que tentam
explicitar o significado do evangelho, não menos do evangelho de Paulo, para a
igreja e para a sociedade abandonam, ou consideram irrelevante, o chamado
individual de cada homem, mulher e criança para responder à graça de Deus nas
profundezas de seus corações.
Há, é claro, aqueles que tentam fazer isto: alguns usaram,
por exemplo, a Nova Perspectiva sobre Paulo como uma maneira de dizer que Paulo
estava "realmente" interessado em reunir judeus e gentios ao invés da
cura do coração humano, e aqueles que usaram a Recente Perspectiva sobre Paulo
como uma maneira de dizer que Paulo era na verdade um político e, desta forma,
não um teólogo ou um pastor.
Essa nunca foi minha visão, e eu tenho tentado aprender de ambas as perspectivas, sem segui-las no estéril "ou isto ou aquilo" do Iluminismo, as quais ambas incorporam.
Da mesma forma, há alguns que, seguindo a apropriação da baixa-igreja
do romantismo, imaginaram que todas as ações externas (por exemplo, na
liturgia) devem ser irrelevantes ou até mesmo perigosas para a verdadeira
espiritualidade.
Isso emerge e sustenta uma visão de mundo já desintegrada, e trazer essa questão à tona não é de forma alguma diminuir o lugar do coração, mas, ao contrário, insistir que corações humanos saudáveis pertencem ao interior de corpos humanos ativos.
[Portanto], o coração, bem como sua redenção e renovação, permanece central para a soteriologia e espiritualidade bíblicas. Amar a Deus com o coração é a verdadeira resposta ao amor imerecido e ilimitado de Deus, do próprio coração de Deus; essa resposta é por si mesma, como Paulo insiste, o resultado do Espírito derramado em nosso coração. [...]
Isso emerge e sustenta uma visão de mundo já desintegrada, e trazer essa questão à tona não é de forma alguma diminuir o lugar do coração, mas, ao contrário, insistir que corações humanos saudáveis pertencem ao interior de corpos humanos ativos.
[Portanto], o coração, bem como sua redenção e renovação, permanece central para a soteriologia e espiritualidade bíblicas. Amar a Deus com o coração é a verdadeira resposta ao amor imerecido e ilimitado de Deus, do próprio coração de Deus; essa resposta é por si mesma, como Paulo insiste, o resultado do Espírito derramado em nosso coração. [...]