terça-feira, 12 de julho de 2016

A igreja remodelada para missão



Surpreendido pela Esperança, pg. 225 e 283

A igreja da atualidade (inclusive a "igreja emergente", a "igreja líquida", as "novas expressões de igreja", a "igreja remodelada para a missão" e muitas outras) tem debatido a questão de qual seria sua missão e sua vida no futuro. No entanto, a frustração com o padrão atual da vida da igreja, somado ao liberalismo da pós-modernidade e aos temores protestantes remanescentes em relação à ordem criada, têm conspirado para produzir um caos ora agradável, ora nem tanto. É nesse contexto que uma visão apropriada da escatologia bíblica pode e deve gerar uma nova e, sem dúvida, polêmica, visão da missão da igreja.

Para ser claro, a criação deve ser redimida, ou seja, o espaço deve ser redimido, o tempo deve ser redimido e a matéria deve ser redimida. Depois de ter criado espaço, tempo e matéria, Deus viu que tudo era muito bom e, embora a redenção deste mundo da atual corrupção e decadência envolva transformações que não podemos imaginar, podemos ter certeza que Deus não irá dizer: "Bem, foi uma tentativa, fiz o possível, mas evidentemente não deu certo, de modo que vamos ter de trocar este mundo por outro, onde não haja espaço, tempo e matéria".

Porém, se Deus realmente deseja redimir o mundo e não rejeitá-lo, estamos diante de uma questão: como celebrar essa redenção, essa cura e essa transformação no presente, antecipando assim, de maneira adequada, a intenção final de Deus?

[...]

Tenho defendido a ideia de que a “igreja remodelada para a missão” deve ter sua missão moldada pela esperança; que a verdadeira esperança cristã, firmada na ressurreição de Jesus, é a esperança de renovação de todas as coisas, por meio de sua vitória sobre a corrupção, decadência e morte, e é suficiente para encher todo o universo com seu amor e graça, seu poder e sua glória.

Tenho levantado, também, a questão de que, para ser verdadeiramente eficaz nesse tipo de missão, a pessoa precisa estar completamente firmada na renovação do espaço, tempo e matéria realizada por Deus na vida da igreja.

Readaptando a mesma metáfora que já usei outras vezes, não se pode obter frutos de uma árvore cujas raízes têm sido constantemente podadas.

Não estou dizendo que, se a igreja tradicional vai bem, a missão irá acompanhá-la. As “igrejas tradicionais” têm se preocupado muito mais com a tradição do que com a igreja em si.

O que estou querendo dizer é: pense na esperança que nos é concedida pelo evangelho; reconheça a renovação da criação como o alvo de todas as coisas em Cristo e o empreendimento que já foi consumado na ressurreição; pratique obras de justiça, de beleza e de evangelismo, de renovação do espaço, tempo e matéria, como em antecipação ao propósito final e ao estabelecimento daquilo que Jesus conquistou em sua morte e ressurreição. 

Esse é o caminho para a genuína missão de Deus e para remodelar a igreja pela missão e para a missão.


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