Resumo de NT for everyone
(Evangelho
de Marcos – Mc 4.1-20)
As parábolas de Jesus são como sonhos que precisam ser
interpretados. Como símbolos de nações ou charges em jornais, elas só fazem
sentido se conhecemos seu fundo histórico.
A parábola do semeador tem seu pano de fundo a partir da
cosmovisão bíblica. O semeador semeando não é apenas um quadro familiar do
cotidiano da vida rural. É um quadro de Deus semeando novamente o povo de
Israel em sua própria terra, após os longos anos no exílio. É um quadro de Deus
restaurando a sorte de seu povo, fazendo o agricultor frutificar após muito
tempo produzindo abrolhos e espinhos.
Existe aqui, a imagem da restauração do jardim do Éden.
E existe, também, a profecia de Isaías 40.8 e 55.10-11, a qual mostra a palavra se tornando frutífera, apesar da flor murchar e da erva secar.
E existe, também, a profecia de Isaías 40.8 e 55.10-11, a qual mostra a palavra se tornando frutífera, apesar da flor murchar e da erva secar.
O problema (e essa parece ser a principal razão de Jesus
ensinar em parábolas) é que a visão de Jesus de como Deus estava semeando sua
palavra era, como nós poderíamos dizer hoje, politicamente incorreta.
O povo esperava uma renovação impactante de Israel através
do Messias. O reino de Deus explodiria no mundo em uma chama de glória e poder.
Não, declara Jesus. Esse reino se parece mais como um
agricultor semeando sementes, onde muitas, aparentemente, serão desperdiçadas,
porque o solo não está pronto para elas e não pode sustentá-las.
Para quem conhece a interpretação dos sonhos da época, era uma má
notícia para eles. A parábola não é apenas para mostrar a receptividade à
mensagem de um pregador, mas é o anúncio e inauguração do reino através de uma
charge política subversiva.
Jesus está dando um aviso codificado de que pertencer ao
reino de Deus não é automático. Ele está vindo, mas de um jeito diferente do
esperado.
Tudo que Jesus fez criou uma divisão dentro de Israel de
seus dias. As parábolas não apenas explicam isso, mas são também parte do
processo. Elas operam como uma versão muito bem focada do ministério inteiro de
Jesus. E Jesus, aqui, não conta apenas o sonho, mas dá a interpretação. Ele não
está apenas mostrando a charge, mas explicando o código. Mas os que não são
discípulos, embora fascinados pela história, não conseguem entender.
Por que não? Jesus não quer que todo mundo capture a
mensagem? Sim e não. O que ele está dizendo é como dinamite e não poderia ser
dito abertamente pelas ruas.
Todo movimento que implicava o “reino” já era perigoso por
si só (seria visto com preocupação pelas autoridades romanas). E como a
mensagem de Jesus era radicalmente diferente do que a maioria das pessoas
comuns queria e esperava, era provável que elas ficariam furiosas também.
É um mistério (v.11) que só pode ser entendido se você crê,
se você confia.
Para nós hoje, a parábola diz muito sobre como a mensagem de
Jesus funciona entre os ouvintes. Mas também sobre o que a mensagem era: a
dramática e subversiva renovação de Israel e do mundo.
É, ainda, um desafio para a nossa pregação do reino: o que
estamos pregando de tão subversivo e politicamente incorreto que se faz
necessário usar uma linguagem de sonhos ou códigos culturais? Ou nossa pregação
não está ajustada à mensagem do reino?
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