segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Somos chamados a implementar a vitória de Deus no mundo


Surpreendido pelas Escrituras, pg. 125

O pedido de Tiago e João para que se sentassem em cada um dos lados de Jesus quando ele tomasse posse de seu poder real é uma questão política que recebe uma resposta política: os governantes terrenos subjugam seus súditos, mas não deve ser assim entre vocês. Pelo contrário, aqueles que são grandes devem ser servos e aqueles que são líderes devem ser escravos de todos, pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e entregar sua vida em resgate de muitos (cf. Marcos 10.35-45).

Essa evocação de Isaías 53 de uma maneira totalmente fiel ao contexto original fica no meio da análise política do império, baseado na violência, subvertendo-o e mostrando como as tradições de Israel, o povo por meio do qual Deus enfrentaria e resolveria o problema do mal do mundo, convergem para uma figura que dissipa e vence tudo o que a Babilônia, tudo o que Roma, pode fazer a ela.

Encontramos o mesmo ponto em Lucas 9.54, passagem em que, mais uma vez, Tiago e João querem agir à maneira do mundo, pedindo para descer fogo do céu sobe seus inimigos. A repreensão de Jesus a eles (9.55) está diretamente relacionada com as palavras “Pai, perdoa-lhes”, que ele proferiu ofegante na cruz.

Então, qual o resultado?

O chamado do evangelho é para que a igreja implemente a vitória de Deus no mundo.

A cruz não é apenas um exemplo a ser seguido; é uma conquista a ser desenvolvida e praticada.

No entanto, não deixa de ser um exemplo, já que é o padrão, o modelo do que Deus deseja fazer agora, por seu Espírito, no mundo, por meio de seu povo.

É o início do processo de redenção, no qual o sofrimento e o martírio são o meio paradoxal pelo que a vitória é conquistada.

O amor sofredor de Deus, vivenciado novamente pelo Espírito na vida de seu povo, é a resposta divina aos males do mundo.


quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Discipulado significa agir no mundo como Jesus


Seguindo Jesus, p. 63-64

A igreja deve se tornar para o mundo aquilo que Jesus foi quando esteve aqui. Isso é o que discipulado – seguir a Cristo – realmente significa.

Isso pode significar, por exemplo, ter a porta de sua igreja chutada, pelo fato de ter permanecido firme na luta pelos direitos dos negros em sua cidade (como aconteceu com um pastor na cidade de Walsall, Inglaterra). 

Ou, então, pode significar permanecer diante de uma multidão, correndo risco de morrer, para dizer às pessoas que a violência não é a solução para nossos problemas (como fez Desmond Tutu, na África).

Isso significa uma igreja afetada pela recessão de seu país e encontrar outras formas de adorar a Deus, mesmo perdendo boa parte de suas finanças. 

Significa encontrar uma forma de servir a comunidade, ajudando-a a lidar com sua dor e sofrimento, das mais diversas formas possíveis. 

Significa ser apto a dizer “não” a determinadas práticas, ainda que consideradas normais em diversos lugares.

O que, então, a igreja no Brasil precisa fazer para abraçar essa visão de seguir a Jesus?

Anseio por ver o dia no qual as pessoas se posicionarão diante do governo exigindo melhoras educacionais, lutando por questões políticas, pelos problemas que nos assolam, bem como ao resto do mundo. 

Anseio ver a igreja se posicionando contra o aborto, contra o sensacionalismo que a mídia faz com a desgraça alheia.

Isso tudo, todavia, precisa ser feito da forma correta.

Vivemos em um mundo onde cristãos projetam sua insegurança no mundo e dizem que, com isso, estão pregando o evangelho. 

Precisamos – e sei que isso pode assustar – de cristãos que façam pelo mundo o que Jesus fez por ele.

A igreja precisa se preparar para se posicionar num lugar que não seja o da visão guerreira e facciosa, nem o do pacifismo covarde. 

A igreja precisa se preparar para agir, simbolicamente, como Jesus, a fim de mostrar ao mundo que há uma forma diferente de se viver.


quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Nem coerção, nem passividade, mas discipulado



Seguindo Jesus, p. 61-63

O evangelho de Marcos funciona como um pequeno manual para os seguidores de Jesus. Ele está estruturado de forma bem simples, em duas partes. A porção do capítulo 1 ao capítulo 8 nos apresenta o primeiro segredo: Jesus de Nazaré é, de fato, o Messias. A porção que inclui os demais capítulos (do 9 ao 16) nos apresenta o segundo segredo: esse messias não é um guerreiro militar, mas o Servo Rei.

A todo momento, Marcos está pontuando sua narração com histórias, como se estivesse perguntando aos seus leitores: você está entendendo a questão? Caso esteja, está preparado para seguir a Jesus? Está pronto para uma vida de discipulado? Está preparado para ser um agente na implementação de sua vitória nessa terra?

A igreja, ironicamente, tem se dividido entre as duas opções rejeitadas por Jesus no Getsêmani. 

Há tempos em que ela vive como se estivesse em uma cruzada, transformando a espada do evangelho no evangelho da espada, pensando em espalhar as boas novas através das armas que consegue carregar. Que Deus nos perdoe por termos transformado a cruz, símbolo do amor sacrificial, em um símbolo que tem causado medo em pessoas ao redor do mundo. 

Por outro lado, há momentos em que a igreja parece ter se recolhido, se escondido em seus lugares privados, pensando na religião como apenas uma questão que envolve indivíduos e Deus – ou melhor, a igreja e Deus – sem ter nada a oferecer ao resto da população mundial. Essa tem sido uma escolha depois de momentos de cruzada. Mesmo assim, não se parece com a escolha do Servo Rei.

O que Marcos tem a dizer?

Marcos nos convida a pararmos de projetar no mundo a culpa e o medo que sentimos dentro de nós. 

Além disso, ele nos convida a tomarmos nossa própria cruz e seguirmos a Jesus. 

Ele pinta um quadro tragicômico dos discípulos: errando e não compreendendo as coisas, falhando ao entender o que Jesus estava fazendo e abandonando-o completamente.

Porém, ele continua a mostrar Jesus ensinando seus discípulos, amando-os, guiando-os e morrendo por eles. Aqui é o lugar onde começamos. [...] 

A boa nova, então, diz respeito ao convite para que você se assente à mesa de Jesus, deixando todas as demais coisas aos pés da cruz, e recebendo nova vida, a vida de Jesus, trazendo-lhe uma nova razão de viver.

Vale, ainda, saber que Marcos não para por aí em sua apresentação. 

Ele estava, provavelmente, escrevendo para uma igreja que enfrentava perseguição; seu convite ao discipulado não era apenas uma questão de piedade pessoal, mas um convite para que as pessoas permanecessem de pé pela causa do evangelho, pelo seu Servo Messias, na perigosa arena desse mundo.

Ele nos convida, em outras palavras, a sermos parte da solução, ao invés de sermos parte do problema. Marcos nos chama a deixarmos de ser aqueles que provocam incêndios, a fim de sermos aqueles que os apagam.

Marcos convoca a igreja a abandonar os sonhos imperialistas, bem como o não-envolvimento, e a se tornar para o mundo aquilo que Jesus foi quando esteve aqui. Isso é o que discipulado – seguir a Cristo – realmente significa.


terça-feira, 6 de setembro de 2016

A vocação da cruz

O Grito, E. Munch

Os desafios de Jesus, p. 212

Se desejamos ser proclamadores do Reino, apresentando uma novo forma de viver como humanos, devemos também refletir a cruz. Essa é uma expressão estranha, mas que também faz parte de nossa tarefa como seguidores de Jesus.

Moldar nosso mundo nunca é, para um cristão, uma questão de sair de forma arrogante, pensando que podemos organizar o mundo de acordo com o modelo que tivermos em mente. Trata-se de compartilhar a dor e o sofrimento do mundo, de forma que o amor crucificado de Deus, em Cristo, traga cura ao mundo nas áreas que ele precisa ser curado.

Porque Jesus carregou a cruz de forma única por nós, o perdão não precisa mais ser comprado; está consumado. Contudo, porque, como ele mesmo disse, segui-lo envolve carregar a nossa cruz, devemos esperar, como diz o Novo Testamento repetidas vezes, encontrar uma cruz a seguir constantemente em nosso caminho.

Se pudéssemos, escolheríamos não ter de carregá-la. Encontramo-nos no Getsêmani, dizendo, “Senhor, tem que ser assim mesmo? Se eu tenho sido tão obediente até aqui, por que as coisas têm que acontecer comigo dessa forma? O Senhor quer que eu me sinta assim mesmo?”

Em algumas ocasiões, a resposta pode até ser “não”. É possível que, às vezes, tenhamos tomado o caminho errado, tendo que, então, mudar de rota e seguir por outra estrada. Contudo, frequentemente, a resposta é que devemos permanecer no Getsêmani mesmo.

O caminho do cristão não é o do silêncio sufocador, do comprometimento herodiano ou do zelo militar. O caminho do cristão é o de ser, em Cristo e pelo Espírito, alguém que esteja no lugar onde o mundo está em sofrimento, de forma que o amor de Deus seja manifestado, curando toda espécie de dor.

Essa perspectiva encontra profunda base na teologia do Novo Testamento, principalmente em Romanos 8. Ali, Paulo fala sobre toda a criação gemendo.

Onde deve estar a igreja em momentos como esse? Sentada no canto, sabendo que tem a resposta? Não diz Paulo: nós também gememos, porquanto também aguardamos pela redenção dos filhos de Deus, por nossa libertação final.

Onde está Deus nisso tudo? Sentado no céu, desejando que pudéssemos agir por conta própria? Não, insiste o apóstolo (8.26-27): Deus também geme, presente em sua igreja no lugar onde o mundo sofre.

O Espírito de Deus geme em nós, clamando e intercedendo ao Pai. A vocação cristã é estar, em oração e no Espírito, no lugar onde o mundo está em sofrimento. 

Ao abraçarmos essa vocação, descobrirmos que essa é a forma de se seguir a Jesus, moldada por sua vocação messiânica revelada na cruz, com os braços estendidos, segurando a dor e o sofrimento do mundo e liberando o amor de Deus.


quinta-feira, 1 de setembro de 2016

“Shema” como oração cristã



Simplesmente Cristão, p. 181-182

Há ainda outra oração que pode ser usada da mesma forma das orações anteriores [descritas no artigo prévio, ”Orações cristãs”], e acredito que tenha sido usada assim nos primórdios da igreja primitiva.

No antigo judaísmo, assim como no moderno, há uma oração que deve ser recitada três vezes ao dia, começando com a frase encontrada em Deuteronômio 6.4:

“Ouve, Israel, o Senhor [YHWH] nosso Deus [YHWH] é o único Senhor [YHWH]. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o coração”.

Essa oração é conhecida como a oração Shema, que significa “Ouve” em hebraico. As pessoas, às vezes, ficam surpresas quando descobrem que se trata de uma oração, pois mais parece uma declaração teológica acrescida de uma ordem.

Mas, assim como a leitura das Escrituras durante o culto não tem como propósito relatar à congregação algo que ela desconhece, mas louvar a Deus pelo que ele tem feito, declarar quem ele realmente é [YHWH] e o que ele requer do povo da aliança é de fato uma oração, um ato de adoração e de compromisso.

É uma forma de tirar o foco de nós mesmos e de nossa lista de necessidades, desejos, expectativas e temores para colocá-lo inteiramente em Deus, no nome de Deus, no caráter de Deus, nas intenções de Deus, no convite amoroso de Deus, na glória de Deus.

O simples fato de pensar nessas palavras como oração é altamente instrutivo.

Nos primórdios do cristianismo essa oração floresceu por causa de Jesus. [...] Paulo, em Corinto, lembrou aos cristãos que eles eram monoteístas, tal como os judeus, e não politeístas pagãos; e para completar a argumentação, ele citou essa oração em sua nova forma cristã:

“Todavia para nós há um só Deus e Pai,
de quem são todas as coisas e para quem existimos;
e um só Senhor, Jesus Cristo,
pelo qual são todas as coisas e nós também por ele.”
(1Coríntios 8.6)

[Na sequência dessa passagem], depois de falar sobre o nosso amor por Deus, Paulo então passa a falar de nosso amor pelos outros, o amor que flui exatamente do fato de o Messias ter morrido pelo nosso próximo da mesma forma que morreu por nós.

Por que não fazer dessas palavras nossa oração?

Assim como a “Oração de Jesus”, ela pode ser recitada vagarosamente e repetidamente. Como os grandes cânticos de louvor em Apocalipse 4 e 5, ela resume a adoração e o louvor a Deus como criador e redentor.

Nota: As frases “de quem... para quem” e “pelo qual... por ele” são densas, porém claras declarações do Pai como a origem e o propósito de todas as coisas, e do Filho como aquele por meio de quem todas as coisas foram feitas, e todas as coisas foram redimidas. Paulo se estende mais sobre esse assunto em Colossenses 1.15-20.

Meditar em Deus dessa forma, portanto, é avistar, como um balonista num dia claro, todo o majestoso cenário dos amorosos propósitos de Deus, observando essa ou aquela característica em particular, porém sem perder a visão do todo.

Os cristãos primitivos com certeza entendiam alguma coisa sobre oração. Temos muito a aprender com eles.


quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Orações cristãs



Simplesmente Cristão, p. 180

O Pai Nosso não é a única oração em que se fundamentam as profundas e ricas tradições cristãs. Há outras orações que têm sido usadas de maneira semelhante ao longo dos anos, como um modelo ou padrão a ser imitado, com o objetivo de levar as pessoas a conhecerem mais sobre o Deus que conhecemos em Jesus.

Talvez a mais conhecida delas, amplamente praticada nas igrejas ortodoxas orientais, seja a “Oração de Jesus”, que pode ser recitada no ritmo lento e suave da respiração: 


“Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus vivo, 
tem misericórdia de mim, pecador”. [...]

Repetir essa oração (ou outras semelhantes) várias vezes não é o tipo de “repetição” criticada por Jesus como uma prática tipicamente pagã (Mt 6.7). Porém, se isso se torna algo parecido com as vãs repetições, é melhor abandonar essa prática e fazer algo diferente.

Para milhões de pessoas, no entanto, isso tem ajudado a acertar o foco, concentrando-o no Deus que conhecemos em Jesus; aquele em quem podemos sempre confiar e diante de quem expomos todos os nossos motivos de oração – alegrias, problemas, tristezas, raiva, medo, outras pessoas, políticas governamentais, problemas sociais, guerras, desastres, celebrações.

Costumo sugerir duas outras orações semelhantes para serem feitas junto com a “Oração de Jesus”:

“Pai Todo-Poderoso, criador dos céus e da terra,
estabelece o teu reino em nosso meio”;

e

“Santo Espírito, fôlego do Deus vivo, 
renova a mim e ao mundo inteiro”.

Essas duas orações podem ser recitadas do mesmo modo; ou podem ser usadas como frases responsivas, permitindo que o grupo ou congregação se mantenha unido enquanto algumas pessoas conduzem orações específicas por pessoas e situações.

Seja individualmente ou com outras pessoas, há espaço suficiente para experimentos variados.

[Que Deus nos conduza em seus caminhos.]


quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Oração


Trecho do texto de N. T. Wright:
Integridade e Integração: Amando a Deus com Coração, Mente, Alma e Força 
(Disponível em http://ntwrightpage.com/port/Integridade.pdf)

Algumas vezes, quando falo sobre oração, eu tenho a impressão de que para muitos cristãos isto é chato: todos sabemos que devemos orar, que deveríamos orar mais, mas nós todos acabamos por fazer de nossas maneiras tradicionais de orar mais uma obrigação do que um prazer.

Bem, a boa notícia é que há mais na oração do que frequentemente percebe o olho, incluindo olhos cristãos, e parte do mandamento de amar a Deus com coração, mente, alma e força é descobrir diferentes formas de nos abrirmos em amor e gratidão, em louvor e súplica, diante do Deus que nos ama e nos chama para amá-lo.

A tradição beneditina fala de trabalho como um tipo de oração, e meu testemunho como um acadêmico cristão é que de fato isto pode se tornar realidade.

Muitos artistas e músicos falam de seu trabalho como um modo de oração, e certamente seu efeito sobre nós indica que algo assim deve ser verdade.

Não conheço muitos políticos que falam de seu trabalho desta forma e talvez isso seja parte do problema que nós enfrentamos hoje.

O que eu sei é que a vida de oração é maior, mais rica, mais exigente e mais prazerosa do que a maioria de nós jamais sonhou, e que em sua essência é apenas isto, o chamado para amar a Deus com o nosso ser inteiro, transformando-o em palavras em horas formais de oração, deixando-o descansar no silêncio da contemplação, e colocando-o para trabalhar em nossos vários chamados.

E será assim ao nos dedicarmos à oração, sozinhos e em público, em ocasiões formais e informais, em breves momentos e em horas contínuas, que nós descobriremos o que Jesus quis dizer com amar a Deus com nosso ser inteiro, e iremos além dos sacrifícios e ofertas da cultura ocidental contemporânea para o novo mundo que Deus quer que nós criemos com ele e sob sua direção.


quarta-feira, 20 de julho de 2016

Amar a Deus com todo o coração


Trecho do texto de N. T. Wright:
Integridade e Integração: Amando a Deus com Coração, Mente, Alma e Força
(Disponível em http://ntwrightpage.com/port/Integridade.pdf)

“Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração...” (Marcos 12.30)

[...] Vez após vez, como vocês sabem, os profetas chamaram Israel para esse amor central e vital, contrastando-o com os meros serviços de boca ou aparência exterior.

Vez após vez, no Novo Testamento, os primeiros cristãos ecoam a promessa de Jeremias 31, que Deus escreveria sua lei nos corações do seu povo, e de Ezequiel 36, que Deus tiraria nosso coração de pedra e nos daria um coração de carne.

Vez após vez, nós somos lembrados que o coração humano, deixado com suas próprias características, é desesperadamente mau, cheio de engano, corrupção, confusão e desintegração.

Vez após vez, é prometido a nós que o trabalho de Cristo e o dom do Espírito habilitará o coração para se tornar aquilo que ele deveria ser, para se tornar o verdadeiro centro humano de integração e vida integrada de adoração, amor e serviço.

Há duas coisas, em particular, sobre as quais eu quero falar sobre amar a Deus com o coração.

Primeiro, os avisos bíblicos mencionados há pouco deveriam nos alertar para as paródias contemporâneas deste chamado. O movimento romântico, por um lado, e o existencialismo, por outro, nos impelem a acreditar que o que importa é simplesmente expressarmos o que verdadeiramente está dentro de nós mesmos, que deveríamos entrar em contato com nossos sentimentos mais profundos, que deveríamos simplesmente "ser verdadeiros conosco mesmos".

Isso é uma pálida paródia da integridade que o evangelho procura, oferece e sustenta. Não é, assim, uma vida de obediência cristã, mas o caminho do gnosticismo, onde o que importa não é a graça de Deus curando e restaurando o coração, mas a descoberta daquilo que verdadeiramente estava lá o tempo todo.

Esse é um tema popular em muitos romances e filmes, e é, muitas vezes, descrito como "redenção"; isso, porém, é um mal-entendido. 

Na Bíblia e no ensino de Jesus, amar a Deus de todo o coração nunca é uma questão de simplesmente descobrir aquilo que está no coração e ser verdadeiro para com aquilo. 

É uma questão do coração ser persuadido e vencido, desafiado, curado e transformado, pelo amor poderoso e pela graça de Deus que, com certeza, quer que descubramos todos os lugares secretos do coração, mas quer que isso seja feito para que sejam limpos e curados, para que o coração possa ser corrigido e liberto, para ser não aquilo que ele verdadeiramente já era, mas aquilo que Deus espera que ele se torne. [...]

A segunda coisa que quero dizer sobre o coração é rejeitar e refutar a sugestão que é feita de tempos em tempos de que aqueles que tentam explicitar o significado do evangelho, não menos do evangelho de Paulo, para a igreja e para a sociedade abandonam, ou consideram irrelevante, o chamado individual de cada homem, mulher e criança para responder à graça de Deus nas profundezas de seus corações.

Há, é claro, aqueles que tentam fazer isto: alguns usaram, por exemplo, a Nova Perspectiva sobre Paulo como uma maneira de dizer que Paulo estava "realmente" interessado em reunir judeus e gentios ao invés da cura do coração humano, e aqueles que usaram a Recente Perspectiva sobre Paulo como uma maneira de dizer que Paulo era na verdade um político e, desta forma, não um teólogo ou um pastor.

Essa nunca foi minha visão, e eu tenho tentado aprender de ambas as perspectivas, sem segui-las no estéril "ou isto ou aquilo" do Iluminismo, as quais ambas incorporam.

Da mesma forma, há alguns que, seguindo a apropriação da baixa-igreja do romantismo, imaginaram que todas as ações externas (por exemplo, na liturgia) devem ser irrelevantes ou até mesmo perigosas para a verdadeira espiritualidade. 

Isso emerge e sustenta uma visão de mundo já desintegrada, e trazer essa questão à tona não é de forma alguma diminuir o lugar do coração, mas, ao contrário, insistir que corações humanos saudáveis pertencem ao interior de corpos humanos ativos.

[Portanto], o coração, bem como sua redenção e renovação, permanece central para a soteriologia e espiritualidade bíblicas. Amar a Deus com o coração é a verdadeira resposta ao amor imerecido e ilimitado de Deus, do próprio coração de Deus; essa resposta é por si mesma, como Paulo insiste, o resultado do Espírito derramado em nosso coração. [...]


terça-feira, 12 de julho de 2016

A igreja remodelada para missão



Surpreendido pela Esperança, pg. 225 e 283

A igreja da atualidade (inclusive a "igreja emergente", a "igreja líquida", as "novas expressões de igreja", a "igreja remodelada para a missão" e muitas outras) tem debatido a questão de qual seria sua missão e sua vida no futuro. No entanto, a frustração com o padrão atual da vida da igreja, somado ao liberalismo da pós-modernidade e aos temores protestantes remanescentes em relação à ordem criada, têm conspirado para produzir um caos ora agradável, ora nem tanto. É nesse contexto que uma visão apropriada da escatologia bíblica pode e deve gerar uma nova e, sem dúvida, polêmica, visão da missão da igreja.

Para ser claro, a criação deve ser redimida, ou seja, o espaço deve ser redimido, o tempo deve ser redimido e a matéria deve ser redimida. Depois de ter criado espaço, tempo e matéria, Deus viu que tudo era muito bom e, embora a redenção deste mundo da atual corrupção e decadência envolva transformações que não podemos imaginar, podemos ter certeza que Deus não irá dizer: "Bem, foi uma tentativa, fiz o possível, mas evidentemente não deu certo, de modo que vamos ter de trocar este mundo por outro, onde não haja espaço, tempo e matéria".

Porém, se Deus realmente deseja redimir o mundo e não rejeitá-lo, estamos diante de uma questão: como celebrar essa redenção, essa cura e essa transformação no presente, antecipando assim, de maneira adequada, a intenção final de Deus?

[...]

Tenho defendido a ideia de que a “igreja remodelada para a missão” deve ter sua missão moldada pela esperança; que a verdadeira esperança cristã, firmada na ressurreição de Jesus, é a esperança de renovação de todas as coisas, por meio de sua vitória sobre a corrupção, decadência e morte, e é suficiente para encher todo o universo com seu amor e graça, seu poder e sua glória.

Tenho levantado, também, a questão de que, para ser verdadeiramente eficaz nesse tipo de missão, a pessoa precisa estar completamente firmada na renovação do espaço, tempo e matéria realizada por Deus na vida da igreja.

Readaptando a mesma metáfora que já usei outras vezes, não se pode obter frutos de uma árvore cujas raízes têm sido constantemente podadas.

Não estou dizendo que, se a igreja tradicional vai bem, a missão irá acompanhá-la. As “igrejas tradicionais” têm se preocupado muito mais com a tradição do que com a igreja em si.

O que estou querendo dizer é: pense na esperança que nos é concedida pelo evangelho; reconheça a renovação da criação como o alvo de todas as coisas em Cristo e o empreendimento que já foi consumado na ressurreição; pratique obras de justiça, de beleza e de evangelismo, de renovação do espaço, tempo e matéria, como em antecipação ao propósito final e ao estabelecimento daquilo que Jesus conquistou em sua morte e ressurreição. 

Esse é o caminho para a genuína missão de Deus e para remodelar a igreja pela missão e para a missão.


quarta-feira, 6 de julho de 2016

Jesus inaugura uma nova criação



Surpreendido pelas Escrituras, p. 33

Os quatro evangelhos, totalmente de acordo com Gênesis, Salmos, Isaías e o resto da Bíblia, falam de como Deus se tornou rei: como o Deus criador, em Jesus de Nazaré e por meio dele, iniciou seu projeto da nova criação para o mundo.

Em cada página, o que vemos é exatamente a nova criação: não apenas uma nova espiritualidade, sem um sistema para resgatar as pessoas deste mundo, mas um movimento do Espírito criativo de Deus – que ungiu Jesus, mas que também foi soprado por ele – por meio do qual as pessoas são chamadas a se tornarem seres humanos genuínos, resgatados de tudo o que atrapalha isso e, assim, preparados para levar adiante o plano divino da nova criação.

Mais uma vez, Deus está refazendo o mundo – não por uma intervenção que exclui tudo o que é natural, como afirmariam alguns esquemas sobrenaturais, nem por uma permissão estática para as causas naturais tomarem seu curso, como garantiram alguns esquemas evolutivos (incluindo alguns supostos esquemas evolutivos cristãos), mas pelo ato da nova criação redentora por meio do qual os seres humanos são capazes, mais uma vez, de refletir Deus para o mundo e o mundo, na adoração, para Deus.

Todo o projeto de Jesus é o de um novo templo, o que explica por que o templo de Jerusalém e, depois, os templos pagãos se tornaram tão problemáticos nos Evangelhos e em Atos.

É o projeto, em outras palavras, no qual céu e terra estão, finalmente, reunidos, com o governo soberano de Deus, estendendo-se assim na terra como no céu por meio da missão de Jesus, de modo culminante em sua morte e ressurreição, e depois, por meio da missão de seus seguidores, a qual tem o mesmo modelo e é movida pelo mesmo Espírito.


sexta-feira, 1 de julho de 2016

Evangelismo de Paulo em Atenas

Escola de Atenas - Raffaelo Sanzio, 1509

Atos 17 representa um dos grandes discursos evangelísticos de Paulo. Ao considerar nossa realidade atual, talvez possamos nos ver como Paulo em Atenas: entre ídolos e filosofias pagãs.

Como evangelizar nesse contexto? Como ser fiel ao evangelho, ao anunciar o Rei Jesus como Senhor e Salvador do mundo, sem desconsiderar a cultura?

Vamos, então, acompanhar algumas partes do comentário de Tom Wright sobre Atos 17.16-33 (em NT for Everyone). Será destacada a análise feita pelo autor do confronto de Paulo com as duas grandes escolas filosóficas de sua época (os Epicureus e os Estoicos), as quais ainda marcam a cosmovisão contemporânea.

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"Enquanto esperava por eles em Atenas, Paulo ficou profundamente indignado ao ver que a cidade estava cheia de ídolos. Por isso, discutia na sinagoga com judeus e com gregos tementes a Deus, bem como na praça principal, todos os dias, com aqueles que por ali se encontravam. Alguns filósofos epicureus e estoicos começaram a discutir com ele." (Atos 17.16-18)

Paulo entre os filósofos

Resumidamente, os epicureus sustentam uma teoria, de acordo com a qual, o mundo e os deuses estão muito distantes um do outro, com pouca ou nenhuma comunicação.

O resultado é que alguém deveria seguir a vida o melhor que pudesse, descobrindo como ganhar o máximo prazer de uma existência serena e tranquila.

Os estoicos, no entanto, acreditavam que a divindade está dentro do mundo presente e dentro de cada ser humano, a fim de que essa força divina, embora um tanto impessoal, pudesse ser descoberta e desfrutada.

Viver bem, humanamente falando (“virtude”) então, consistia em ficar em contato com essa “racionalidade” divina interior, bem como viver de acordo com ela.

O que um judeu ou um cristão poderia dizer para epicureus e estoicos? [...]

Os epicureus, como já foi dito, acreditavam que os deuses, se eles existissem, estavam muito distantes, e não tinham nada a fazer com os seres humanos. Como resultado, eles eram extremamente felizes; e se nós quisermos nos aproximar deles, o melhor que nós podemos fazer é moderar nossos desejos, não fazer nada que alimente nossas esperanças naturais ou medos, viver tão serenamente quanto possível com a quantidade certa de qualquer coisa. A vida ideal é independente, sem problemas, despreocupada em relação a questões maiores, incluindo o próprio destino de alguém.

Um epicureu, portanto, concordaria substancialmente com o rigoroso comentário de Paulo sobre a adoração pagã do povo, mas pela razão mais ou menos oposta ao que Paulo dá. Para os epicureus, os deuses estavam longe e não queriam nada conosco; para Paulo, Deus está muito próximo de nós, é o doador de tudo e aquele que nos busca apaixonadamente e deseja que o busquemos em retorno – e, dessa forma, não requer de nós sacrifícios de animais.

Paulo concorda com os epicureus que Deus e o mundo não são a mesma coisa. Mas ele confronta os líderes epicuristas quando ele diz que Deus não está distante de nenhum de nós, e anseia por um relacionamento de amor com todas as suas criaturas humanas.

[Com os argumentos de Paulo], os epicureus estariam fascinados, chocados, irritados talvez, mas ávidos o suficiente para querer ouvir mais.

Os estoicos, por contraste, estariam felizes em ouvir que existe uma vida divina, a qual está em todo ser humano, embora Paulo a tenha identificado com o fôlego de vida, diferente do frio princípio de logos (“racionalidade”). E os estoicos poderiam aceitar, do seu próprio jeito, a citação do poeta ateniense Arato, no verso 28: “porque todos somos sua descendência”.

Arato certamente quer dizer isso num sentido estoico; Paulo está lidando com uma linha fina aqui, entre demonstrar sua familiaridade com a cultura, convidando os estoicos para chegar ao limite com o que ele está dizendo, e oferecer algo bem novo e revolucionário.

Para Paulo, como um judeu, a ideia do ser humano como “filhos de Deus” tem haver com o ser feito à imagem de Deus (ele não tem em mente, aqui, a noção especificamente cristã de crentes como filhos e filhas adotados, como em Gl 4,4-7).

Para os panteístas estoicos, em outras palavras, Paulo declara que Deus e o mundo não são a mesma coisa, mas que o impulso que leva você a supor que eles são a mesma coisa, é um impulso verdadeiro, o qual deveria levar você a alcançar e se apegar ao Deus real, que, com certeza, não está longe.

Os estoicos, como os epicureus, são, assim, desafiados, encorajados, provocados e, talvez, levados a considerar a questão mais de perto.

Mas o momento realmente impactante, é claro, foi deixado para o fim. 

Com certeza, a construção do argumento como um todo, a discussão cuidadosa de quem Deus realmente é e sua relação com o mundo, a crítica padrão judaica de idolatria e dos templos, conjugada com o uso criativo da cor local – tudo isso parece assegurar que, quando Paulo finalmente conseguir explicar sua “divindade estrangeira” como Jesus e a ressurreição, terá ao menos uma pequena chance de alguém entender o que ele está dizendo. [...]

Mas Deus [criador], declara Paulo, estabeleceu um tempo para fazer o que a tradição judaica sempre disse que ele faria, o que, com certeza, ele deve fazer se ele é, com certeza, o bom e sábio criador: ele colocará o mundo em ordem, chamará ele para prestar contas; em outras palavras, julgará o mundo no pleno, hebraico e bíblico sentido.

E o Deus criador fará isso através de um homem em particular, o qual ele tem selecionado para uma tarefa: o próprio Jesus [embora o nome de Jesus não seja mencionado no discurso de Paulo]. Como nós sabemos que Jesus está vindo julgar? Porque, diz Paulo, Deus o ressuscitou dos mortos.

É importante notar que [...] a ressurreição é categoricamente rejeitada nas regras básicas do Areópago. Paulo, firmemente, vira as costas para isso. A ressurreição é o eixo através do qual o mundo gira. [...] 

Com a ressurreição de Jesus, inicia o novo mundo de Deus. Em outras palavras, ser ressuscitado dos mortos é o start, o caso paradigmático, a fundação, o começo do grande “conserto”, o qual Deus fará no cosmos inteiro no fim. O corpo ressurreto de Jesus é aquele pedaço do universo físico que já tem sido “consertado”. Jesus é, portanto, aquele através do qual tudo mais será “consertado”.

O desafio duplo, então, é: primeiro, arrependimento. Mude seu caminho, particularmente seu caminho de idolatria, sua suposição de que os deuses podem ser feitos de ouro ou prata, ou que eles vivem em casas feitas por mãos humanas, ou que eles querem ou necessitam de sacrifícios de animais. Fuja dessas coisas, desista delas, livre-se delas. 

E segundo, volte-se para o Deus vivo (veja 1Ts 1.9), busque por ele e o encontre (At 17.27). Você apenas fará isso se você abandonar as paródias, os ídolos que ficam no caminho e distraem você do verdadeiro Deus. Isso pode ser feito. Isso pode ser feito porque o Deus vivo está em ação, mudando os tempos e as estações a fim de que, agora, o dia da ignorância tenha terminado e o tempo de revelar a verdade tenha chegado.


quarta-feira, 22 de junho de 2016

Sobre Adão e Cristo - Vídeo


Uma análise sobre Cristo como o novo Adão. Além de N.T. Wright, outros teólogos contribuem. Uma boa reflexão para embasar o anúncio do evangelho.

domingo, 12 de junho de 2016

Evangelismo no contexto da Nova Criação



Surpreendido pela Esperança, p.241-242.

Considerando o modelo do NT de evangelismo (artigo anterior), como a igreja pode anunciar que Deus é Deus e Jesus é o Senhor, que os poderes do mal, a corrupção e a morte foram derrotados e que o novo mundo de Deus está começando?

Isso não parece piada?

Bem, seria se, de fato, não estivesse acontecendo. Se a igreja estiver trabalhando nas questões mencionadas acima, se ela estiver seriamente empenhada na luta pela justiça no mundo, tanto no aspecto global, como no local, e se estiver celebrando alegremente a boa criação de Deus e o resgate da corrupção na arte e na música, e se, além disso, sua vida interior der todos os sinais de que a nova criação está verdadeiramente acontecendo, gerando um novo tipo de comunidade – então, de repente, o anúncio passará a fazer sentido.

Assim, o que acontece, dentro da teologia da nova criação, quando o evangelho cria raízes? [...] Usamos várias palavras para descrever esse momento ou processo: conversão, que significa dar meia volta e mudar de direção; regeneração, que significa novo nascimento; “aceitar a Cristo”, que significa fazer parte da família cristã e refletir o caráter de Cristo.

O Novo Testamento fala da pessoa “morrendo com Cristo” e “ressuscitando com Ele” (Rm 6; Cl 2 e 3). Assim, em relação ao grande quadro da nova criação [...], essa pessoa está respirando um pouco da “Nova Criação” – essa nova criação que começou a acontecer na ressurreição de Jesus, e que se completará quando Deus, finalmente, fizer os novos céus e a nova terra e nos ressuscitar para partilharmos com ele desse novo mundo.

Paulo coloca isso da seguinte maneira: “Se alguém está em Cristo, é nova criação!” (2Co 5.17).

A colocação clara desse tipo de questão evita três problemas que ocorrem frequentemente no evangelismo.

Primeiro, as pessoas precisam entender que para se tornarem cristãs não precisam rejeitar o mundo bom criado por Deus. O que elas precisam, na verdade, é rejeitar a corrupção que tem seduzido o mundo e os indivíduos. [...] Pensar em termos de “nova criação” evita o problema de supor, por um momento, que alguém pode esquecer a terra e concentrar-se no céu.

Segundo, [...] evita desde o início qualquer sugestão de que o que realmente importa é que o novo cristão tenha um relacionamento pessoal com Deus ou com Jesus (alguns cânticos parecem sugerir que Jesus pudesse assumir o lugar do namorado ou da namorada). Ver o evangelismo ou qualquer conversão que resulte dele em termos da “nova criação” significa que o novo convertido sabe desde o início que é parte do projeto do reino de Deus. Esse projeto ultrapassa os limites da salvação pessoal para abraçar, ou antes, ser abraçado pelos propósitos de Deus para o mundo inteiro. Junto à “conversão” virá [...] o chamado para descobrirmos onde, dentro do projeto total, podemos dar nossa contribuição.

Terceiro, [...] o convertido nunca estará inclinado a pensar que o comportamento cristão (a recusa de tudo que diminui a glória de Deus e o nosso crescimento como seres humanos e a aceitação de tudo que ressalta essas coisas) seja algo opcional ou apenas uma questão de esquivar-se de algumas regras e regulamentos bem estranhos. [...] Seguir a Jesus significa exatamente isso, seguir a Jesus, e não marcar o quadrinho ao lado da palavra “Jesus” e voltar para o seu lugar, como se tudo estivesse concluído. Falar do senhorio de Jesus e da nova criação, que resulta de sua vitória no calvário e na Páscoa, significa confessá-lo como Senhor, crer que Deus o ressuscitou dentre os mortos e permitir que ele transforme sua vida inteira. [...]

Portanto, a missão da igreja deve refletir e ser moldada pela esperança futura, conforme apresentada no Novo Testamento.